
Falar sobre #infância é algo que fascina. Falar sobre a educação encanta, inspira, comove e
faz acreditar no futuro. Proponho a você, leitor, uma reflexão: qual a importância nosso país
dispensa à educação? Pois bem, esse é um ótimo ponto de partida. Um país que valoriza a
educação o faz desde a infância, porque é nessa fase que desenvolvemos muitas habilidades, a
formação de caráter, e consolidamos uma base sólida para toda a vida. E assim deveria ser, um
povo que valoriza sua educação, sua cultura e sua gente. Assim, nós educadores, em busca de
reflexões, de embasamento e respostas para nosso cotidiano escolar, temos nos encantado pelas
abordagens “estrangeiras”, principalmente nos últimos anos. Sejam reggianas, argentinas,
finlandesas, piclkerianas e outras tantas, pois nesses países existem estudos, registros e pesquisas
sobre a importância e a potência da infância. Assim, quando nos aprofundamos nessas abordagens, pensamos em nossa prática e no chão da escola e a magia acontece: o encontro entre a teoria e a prática!
Se a criança é feita de CEM, como o grande educador italiano Loris Malaguzzi nos disse e nos
mostrou, e é sujeito e protagonista que constrói seu conhecimento, que adulto é capaz de
proporcionar um espaço fértil de experiências e vivências? Realmente, para se permitir adentrar
nesse mundo da infância de tantas linguagens, um educador não pode ser raso, superficial e
insensível. Ao entrarmos no universo infantil precisamos ter humildade, formação aprofundada e
sensibilidade. Chegamos ao ponto X da questão: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA INFÂNCIA.
Um professor das infâncias, além de ter o poder de encantar e se maravilhar com as
delicadezas do dia a dia, precisa estudar, desenvolver uma escuta sensível, amar, sentir, se permitir, imaginar, sonhar, acreditar, se espantar, estudar mais e mais, ser pesquisador. Ora protagonista, ora plateia do acontecer do desenvolvimento infantil.
Uma das abordagens mais encantadoras é a de Reggio Emília, recém-descoberta pelos
brasileiros, mas é antiga, surgiu no pós-guerra, e chegou ao nosso país há pouco tempo. A
abordagem italiana nos mostra a potência da infância, de como a força de se sentir pertencente a
um local me faz forte desde o “comecinho” da vida. Saber sua origem, conhecer suas raízes e
histórias te torna grande para crescer, aprender, viver, se desenvolver e muito mais.
Feita essa singela introdução, conto a vocês a proposta que fiz à minha equipe do CEI Canto
dos Encantos no nesse ano de 2020, da qual sou coordenadora pedagógica. Temos estudado e nos
aprofundado no desenvolvimento infantil e trabalhamos com a Pedagogia de Projetos, Pedagogia
dos Detalhes, Pedagogia de Afetos e Acolhimento. Singelamente temos tentado conhecer
profundamente o cotidiano infantil. Buscamos todos os dias as delicadezas e simplicidades da
infância, o olho no olho, a sensibilidade na “escuta” e o aprofundamento na formação, pois não é
porque trabalhamos com os pequenos que o trabalho não deve ser grandioso.
Assim nasceu o nosso macro projeto sobre Curitiba, nossa cidade! Debruçamos-nos sobre
livros, mapas e materiais e fomos viver a cidade na semana pedagógica. Partindo do marco zero, na Praça Rui Barbosa, fomos passear ou repassar por lugares que já havíamos passado, mas sem um olhar cuidadoso como é o olhar da criança. Fomos nos abastecer de histórias, culturas e tradições da nossa linda cidade. Parques, Castelos, Museus, Praças, Monumentos, quanta informação!

E o mais lindo? Ver o brilho no olhar dos educadores, o olhar infantil do “inédito”, do“maravilhamento”. Esse é o ciclo, me encantar para encantar o outro. Surgiu então: FAÇA CHUVA, FAÇA SOL, CURITIBA NOSSO QUINTAL!
Uma certeza tenho em meu coração, como as crianças precisam sentir para aprender, o
professor também necessita desse experimentar. O educador das infâncias precisa ter a poesia no
olhar, a magia no encantar e a vontade de aprender sempre, principalmente aprender com as
crianças. E como perguntaria Loris Malaguzzi: O que te encantou hoje, professor?
Sylvia Mansur
Pedagoga
Especialista em Educação Infantil e Gestão Escolar
Curiosa e apaixonada pelas vivências da infância
Referências:
BARDANCA, Angelles Abelleira. Os Fios da Infância. São Paulo: Phorte, 2018.
GARCIA, J; PAGANO A.; PRANDI, R. A reinvenção da Educação Infantil: uma experiência de Reggio Emília. Curitiba: Editora UTP, Coopselios, 2018.
GARCIA, J.; PAGANO A.; JUNQUEIRA G. Educação Infantil em Reggio Emilia: reflexões para compor um diálogo. Curitiba: Editora UTP, 2017.
PROENÇA, M. A. Prática Docente: a abordagemde Reggio Emília e o trabalho com projetos. São Paulo: Panda Educação, 2018.
STACCIOLI, G. Diário do acolhimento na escola da infância. Campinas SP: Autores Associados, 2013.
Commentaires