
Os estudos e discussões sobre os espaços e os tempos na escola da infância vêm crescendo
e chamando a atenção dos educadores que trabalham com as crianças pequenas. Há muitas
perspectivas diferentes por onde podemos olhar e refletir sobre isso, e, para mim, como
educadora, um das mais fascinantes é pensar sobre os #territóriosdeaprendizagem.
Os territórios são - muito além de espaços geográficos - lugares onde as fronteiras não são estabelecidas pelo adulto, onde há lugar para a exploração livre, a troca entre pares, a descoberta e a investigação solitária ou em grupo. Onde a criança não é “dirigida” pelo adulto, mas encontra nele um provocador, uma boa companhia para a jornada rumo ao reconhecimento e a apropriação daquele espaço.
Geralmente, os #territórios são organizados pela equipe pedagógica que, levando em
consideração o perfil do grupo de crianças, suas necessidades coletivas e - sempre que possível -
individuais, bem como o contexto sociocultural das famílias e da própria escola, planeja a
construção do ambiente e das escolhas dos materiais, como um convite às mais profundas
descobertas e experiências. Ao contrário de uma perspectiva “escolarizante”, o professor imprime
suas intenções pedagógicas na construção do território quando pensa “O que as crianças podem
descobrir aqui se eu dispor os materiais dessa maneira?”, “E se eu colocar dessa outra forma?”,
mas não define objetivos fechados e fragmentados do que a criança deve aprender. O território não é lugar de surpresas só para as crianças, mas também para os adultos, pois apesar de antecipar coisas que podem acontecer naquele ambiente, ele deve sempre ter em mente que as crianças podem superar suas ideias e envolver-se de forma completamente inusitada, criar experiências próprias e singulares, ressignificando materiais e espaços.
Território das fadas
Território dos carros
Uma das principais preocupações que os professores (aqui uso professores no plural, pois o
ideal é que o trabalho aconteça em grupo, em que pelo menos dois profissionais planejam e
organizam juntos) devem ter ao organizar um território é pensar na variedade de materiais e a
organização estética dos mesmos. Por exemplo, se o professor decide dispor apenas folhas de
árvores e galhos em uma mesa, a criança terá algumas possibilidades de imaginar e criar coisas com eles, mas se coloca junto retalhos de tecido, cola e tinta, isso já pode provocar atitudes e atividades criadoras mais complexas por parte da criança. Quanto mais elementos o ambiente apresenta, especialmente os materiais naturais, não-estruturados e artísticos, maiores são as possibilidades de exploração, imaginação e aprendizagens por parte da criança.
Uma escola brasileira que apresenta os territórios como fio condutor de sua proposta
pedagógica para a Educação Infantil é a Escola dos Sonhos, em Florianópolis. Tive a oportunidade de visitar a escola duas vezes e “viver no corpo” a experiência de habitar territórios. Na relação com os espaços e com outras educadoras, pude despir-me da adultez que enrijece e me descobrir como #educadorabrincante. Esses momentos trouxeram mudanças reais à minha forma de conceber a escola, hoje, vejo (E sinto! E tateio!) a escola da infância como um grande território a ser construído, modificado e ressignificado por crianças e adultos, onde há espaço ao inesperado e ao encantamento.
Aluah Bianchi Wojciechowski
Pedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional
Coordenadora Pedagógica Geral Escola Nova Geração
Mestranda em Educação
Instagram: @muralpedagogia
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